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A correção de cicatriz tem o objetivo de melhorar o aspecto estético das cicatrizes. Está indicada para pacientes com cicatrizes inestéticas (deprimidas, alargadas, elevadas, queloidianas, hipertróficas etc.). Uma cicatriz considerada boa esteticamente tem coloração próxima à da pele normal e é fina (espessura de poucos milímetros). O modo como uma cicatriz se desenvolve depende de como o seu corpo reagirá ao dano original e à técnica empregada pelo cirurgião.
Muitas variáveis podem afetar a maneira de cicatrizar do seu organismo, incluindo o tipo de trauma ou cirurgia, o tamanho e profundidade da ferida, a provisão de sangue para a área afetada, a espessura e a cor de sua pele, a direção, o posicionamento e a localização da cicatriz. Mas o fator mais importante que determina a qualidade da cicatrização do paciente, é sua própria carga genética, ou seja, é uma tendência pessoal.
Embora nenhuma cicatriz possa ser removida completamente , os cirurgiões plásticos podem melhorar o seu aspecto, tornando-as menos evidentes, por meio de procedimentos cirúrgicos e/ou clínicos. É sempre bom lembrar que vários fatores (genética, idade, exposição solar, doenças associadas, etc. ) interferem na cicatrização e na qualidade final da cicatriz. Dessa forma, existem cicatrizes de difícil tratamento apesar de todos os recursos. Fases da cicatrização normal:
a – PERÍODO IMEDIATO: vai até o 30º dia e apresenta-se com aspecto excelente e pouco visível. Alguns casos apresentam discreta reação aos pontos ou ao curativo.
b – PERÍODO MEDIATO: vai do 30º dia até o 12º mês, quando haverá espessamento natural da cicatriz, bem como mudança na tonalidade de sua cor, passando de vermelho para o marrom, que vai, aos poucos, clareando. Esse período, o menos favorável da evolução cicatricial, é o que mais preocupa as pacientes. Se tudo evoluir normalmente, o período tardio se encarregará de diminuir os vestígios cicatriciais.
c – PERÍODO TARDIO: vai do 12º ao 18º mês. Nesse período, a cicatriz começa a tornar-se mais clara e menos consistente atingindo o seu aspecto definitivo.
ALTERAÇÕES CICATRICIAIS:
* QUELOIDES – cicatrizes grossas, enrugadas e elevadas que crescem, de forma contínua, além das bordas da ferida ou incisão. Elas são frequentemente vermelhas ou mais escuras que a pele normal. Queloides acontecem quando o corpo continua produzindo uma proteína dura e fibrosa conhecida como colágeno. São inerentes ao paciente, ou seja, seu aparecimento independe da técnica do cirurgião. Os queloides podem aparecer em qualquer lugar no corpo, mas eles são muito comuns na região torácica, nos lóbulos da orelha e nos ombros e são altamente recidivantes (tendem a se refazer após sua remoção). Eles acontecem mais frequentemente em pessoas de pele escura (negros e mulatos), porém podem ocorrer em pessoas de pele clara, já que a etiologia da raça brasileira é de origem mista. A tendência para desenvolver queloides diminui com a idade, ou seja: jovens têm uma tendência maior a desenvolver queloides em relação aos mais idosos. TRATAMENTO: existem várias opções de tratamento ao queloide, que vão desde a infiltração da área com corticoides específicos, até o tratamento cirúrgico (ressecção da cicatriz) associado à betaterapia, que é um tipo de radioterapia para inibir ou diminuir a chance de ressurgimento do queloide. Há também a possibilidade da associação de todas as técnicas, se houver indicação. Trata-se de um tratamento longo, que em muitas vezes pode ter um resultado apenas parcial.
* CICATRIZES HIPERTRÓFICAS – tipo de cicatriz inestética mais comum em pós-operatórios e são inerentes ao paciente. São frequentemente confundidas com queloides, pelo fato de serem muito parecidas em um primeiro momento. O que as diferencia do queloide é o fato de permanecerem dentro dos limites da incisão original ou ferida e responderem melhor aos tratamentos de uma maneira geral. As cicatrizes hipertróficas podem inclusive melhorar espontaneamente com o passar do tempo (o processo pode levar um ano ou mais). TRATAMENTO: pode-se usar medicações tópicas (tipo pomadas ou cremes específicos), aplicação de injeções de corticoides, uso de placas de silicone para compressão local e massagens.
* CICATRIZES HIPOTRÓFICAS (ALARGADAS) – são o oposto da cicatriz hipertrófica e são inerentes ao paciente. Acontecem quando o corpo produz uma quantidade insuficiente de colágeno, levando a um alargamento da cicatriz. TRATAMENTO: o único tratamento da patologia é a ressecção cirúrgica da cicatriz e seu refazimento, utilizando fios de sutura diferentes. Há grande chance do problema se manifestar de novo, a despeito da técnica utilizada para sua correção.
* CONTRATURA CICATRICIAL – queimaduras ou outros danos que resultam na perda de uma área grande de pele podem formar uma cicatriz que deforma a pele por meio de um processo chamado de contração ou contratura cicatricial. A contração resultante pode afetar os músculos adjacentes e tendões, podendo restringir o movimento normal da região afetada. TRATAMENTO: a correção de uma contratura envolve a ressecção da cicatriz, que será substituída por um enxerto de pele. Em alguns casos pode ser usada uma técnica cirúrgica conhecida como zetaplastia. Técnicas recentes, como expansão de tecidos, estão tendo um papel crescentemente importante na cirurgia reparadora. Se a contratura cicatricial persistir durante algum tempo, o paciente poderá precisar de fisioterapia depois da cirurgia para se restabelecer a função completa do membro ou região afetada.
* ALTERAÇÕES NA COLORAÇÃO DA CICATRIZ – cicatrizes hipercrômicas: escurecimento da cicatriz em relação à cor normal da pele, devido a uma tendência pessoal. TRATAMENTO: pode-se usar pomadas que contenham produtos clareadores, porém nem sempre obtemos um resultado totalmente satisfatório.
* CICATRIZES HIPOCRÔMICAS – descoloramento da cicatriz em relação à cor normal da pele, devido tendência pessoal. TRATAMENTO: não há tratamento, indica-se maquiagens ou tatuagens para disfarçar a cicatriz.
TÉCNICAS CIRÚRGICAS MAIS EMPREGADAS PARA CORREÇÃO DE CICATRIZES:
* RESSECÇÃO SIMPLES – com essa técnica, a cicatriz é retirada e a sutura refeita. Em caso de queloides e cicatrizes hipertróficas, é necessário um tratamento clínico complementar. Pode ser realizado em regime ambulatorial, com anestesia local.
* ZETAPLASTIA – técnica cirúrgica usada mais frequentemente para reposicionar uma cicatriz para que adquira uma posição mais paralela às linhas naturais e pregas da pele, tornando-as menos notáveis. Também pode aliviar a tensão causada por uma contratura cicatricial. Nem todas as cicatrizes são passíveis de serem submetidas à zetaplastia. Na cicatriz antiga serão feitas incisões novas em cada lado, criando pequenos retalhos de pontas triangulares na pele. Essas pontas são reorientadas em ângulos diferentes para cobrir a ferida, dando à cicatriz um aspecto de “Z” ou “zigue zague”. A ferida será fechada com pontos que serão removidos depois de alguns dias. Embora a zetaplastia possa tornar algumas cicatrizes menos óbvias, não as fará desaparecer e uma porção da cicatriz original ainda permanecerá fora das linhas de relaxamento da pele. Pode ser realizado em regime ambulatorial, com anestesia local.
* ENXERTOS – os enxertos aplicam-se a problemas cicatriciais mais sérios, devendo ser executado em ambiente hospitalar, sob anestesia. A área tratada pode levar várias semanas ou meses para cicatrizar e um artigo de vestuário (malha elástica), ou bandagem pode ser necessário por até um ano. A enxertia de pele envolve a transferência de pele de uma parte saudável do corpo (área doadora), que pode ser distante da ferida, para cobrir a área da ferida (área receptora). Embora a maioria dos enxertos de pele autógena (da mesma pessoa) evolua de forma satisfatória, às vezes o enxerto pode não se integrar à área receptora, perdendo-se a cirurgia. Além disso, todos os enxertos deixam cicatrizes nas áreas doadoras e receptoras.
* Retalhos – a rotação de retalhos é uma técnica cirúrgica que se utiliza da pele e/ou musculatura próxima para cobertura da ferida. Em alguns casos de feridas de grandes dimensões, pode ser necessária uma expansão prévia da pele vizinha.
* Expansão de pele – na expansão de pele, uma “bexiga “de silicone (expansor de pele) será colocada abaixo da pele boa, vizinha à área da cicatriz ou ferida. O expansor será preenchido gradualmente com soro fisiológico, aumentando gradativamente de volume e, consequentemente, aumentando a área de pele boa que será utilizada para confeccionar o retalho que irá recobrir a área cicatricial vizinha.
RESUMINDO: é importante ressaltar que qualquer trauma que atinja a derme (seja devido a acidente ou cirurgia) resulta em cicatrizes, as quais nem sempre assumem aspectos estéticos favoráveis. Mas tenha em mente que a cirurgia plástica sempre pode melhorar o aspecto final dessa cicatriz, seja em um ou mais procedimentos cirúrgicos, sempre buscando a melhoria da forma e da função.
1- Vale a pena corrigir uma cicatriz que incomode?
Na maioria das vezes sim. Porém alguns fatores cicatriciais são recorrentes, ou seja, podem voltar a manifestar-se.
2- A minha cicatriz vai desaparecer?
Não. A correção de cicatriz tem como objetivo melhorar o aspecto da cicatriz já existente e não a fazer desaparecer. É muito importante que se entenda que não é possível fazer uma cicatriz desaparecer, por melhor que seja a cicatrização do paciente e a técnica do cirurgião, sempre haverá uma cicatriz.
3- Devo tomar algum cuidado especial para o problema não se manifestar novamente?
Dependendo da causa da aparência inestética da sua cicatriz, pode ser necessário algum tratamento complementar. Sua médica saberá indicar caso seja necessário.
4- Preciso ficar internado?
Depende da extensão da cirurgia. Geralmente as correções de pequenas cicatrizes, podem ser feitas em regime ambulatorial, com alta no mesmo dia.
5- Quando posso me expor ao sol?
Após 1 ano da correção. A exposição solar antes desse período pode escurecer a cicatriz.
6- Qual médico devo procurar para corrigir uma cicatriz inestética?
Certamente um cirurgião plástico. Ele é o médico especializado nesse tipo de procedimento. Para formar-se cirurgião plástico, o médico, depois de sua graduação em medicina, presta residência de 2 anos em cirurgia geral e depois mais 3 anos em cirurgia plástica. Para ter certeza da formação do seu médico, consulte junto à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica se ele é membro associado.